Éponine

Os dias mais difíceis são os de chuva. No meu caminho, sozinha, de volta para casa, minha mente divaga em sua própria escuridão.
Eu finjo que aqui ele está, segurando-me mais uma vez. Fazendo o tempo passar. Então acordo do devaneio e percebo que nada é assim .
Ele se foi.
Sem minha presença, o mundo dele continua, segue todas as próprias rotações e translações. Quando nele estou, as coisas também continuam em frente. É quase indiferente.
Aqui entra meu soluçar de dor.
Sem ele, toda a minha realidade muda, não há poesia em nada, as ruas só guardam estranhos.
O que sinto é amor.
Mais gotas caem, e eu só, na rua, como Éponine. Assisto aos gracejos, incentivo os desejos e me vou quando já não posso suportar. A sina, minha sina, é essa, caminhar com ele em luta, afastar-me por minha conduta, essa de não conseguir desencantar.
Aos menos, se for Éponine, morrei em teus braços. O descanso será um último abraço, seguido de revolução. E com isso, essa dor não terá sido em vão.
Sozinha, finjo que está ao meu lado.


https://m.youtube.com/watch?v=tFEkErGUjCU







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tudo ou nada

Descompromissado