Postagens

o melhor do momento

a pimentinha

elis foi dos embalos de primeiro amor, numa selecta trilha sonora de (e para os) inesquecíveis. fiz de sua voz um momento presente, deixando-a sujeita ao desaparecimento no meu próprio ouvido caso o mundo conhecido viesse a explodir. quase explodiu e daí toda vez que tocava eu me sentia n-a-u-s-e-a-d-a, bêbada numa corda bamba erguida há meses de altura do passado, bancando a equilibrista pra sobreviver no presente. sobrevivi. vivi. uma lembrança que me deixas louca. deixava. elis continuou exilada, o mar não era uma gota pra secar assim. e então voltou do nada, em dois minutos de fascinação num trailer sobre ela mesma. que bom, elis voltara a pura, num encanto e fascinação de causar arrepios. ela por ela. e eu assim também. https://m.youtube.com/watch?v=x9ALHKzWFT8

bomba-relógio

Estalar do relógio quando já se ensurdeceu pelo tic-tac do coração. Bomba. Bomba-relógio. E sangue. E não dorme porque teme, treme e pulsa. O veneno é a saudade, estremecendo todas as pontas, irrigando extremidades até que o peito fique vazio. Um badalar no músculo é fadiga, talvez câimbra. Falta ele, potássio e engrenagem. Pernas juntas, meia-noite: entre os pulmões, sede.

Tudo ou nada

O silêncio é temerariamente tido como resposta, o que machuca e sensibiliza o ego. Parece um telefonema: o outro lado da linha atende, mas não coloca no ouvido - e sim fora do gancho. Mas essa não é a verdade, é sensação mascarada por uma ansiedade que me acompanha como sombra, cor e tamanho oscilante conforme a luz que me cobre. A realidade, no que está em meu alcance, sou eu com medo do silêncio que - até que se prove o contrário - não é nada.

CALL ME

call me e me acalme

Telepatia

Telepatia: eu também sinto muito.

dos princípios

teorizo que o princípio do crescimento seja reconhecer que há certas coisas irresistíveis, contra as quais - numa redundância - a melhor resposta é o agir-passivo, não agir. a gente começa a se auto-tutelar, processo lento, instável: assumir um risco em frente a um mundo de gente para quem a sua revolução, volta-esforço-equilíbrio, pouco tem efeito, reconhecendo que o seu próprio mundo teve de se montar, desmontar - se sustentar para tal feito. para além disso, o princípio te exige reconhecer o que lhe é legítimo, ainda que a consequência seja um dano emergente, pois é partindo desta constatação que tu não te moverás de ti - ESSA É A FONTE PARA O EQUILÍBRIO. mais: o crescer se pauta no conhecimento daquilo que, dentro de ti, deve ou não prescrever. o princípio cobra que tu estabeleças parâmetros, de deixar morrer e de deixar viver, do permitido e do proibido, ficar e ir embora. o princípio do crescer dá sentido a um ordenamento próprio, o ego-teu-seu-nosso, o ser. torná-lo pétreo é esf

agarro

Um agarra-dedo, Dedo-mão, mão no ombro, Braço longo Envolto em mim. Eu agarro, Tu agarras, Enlaçamos os minutos assim. Pernas abraçadas, Agarro com queixo, Agarras com o peito, A nuca te beijo E jamais desejo o fim: Infinito é o momento Que seu agarro Ao meu responde "sim".

Frida e Diego

Cabeça alinhada ao peito. Meu peito. O coração pulsando quase que diretamente no seu ouvido - quase porque há pele, músculos, separando um do outro - num ritmo de espaçada calmaria. Minha mão dança nas suas costas, dedos brincam entres os fios grossos, negros, que contrastam com a brancura deste rosto. E tá tudo bem, bem. As pernas em flor, desabrochadas, o corpo no meio, peso, cheiro e tato. Na infinitude desses minutos, a gente se sintoniza e eu me transporto para o lugar de bem querer que cola pelo e peito, boca e coxa, braço e tronco. Entre os laços dos meus próprios braços eu me sinto pequena. Mas não é sinônimo de fragilidade nem um ser desproporcional. Eu completo o quadro e, junto a sua medida, grande, balanceio a emoção. Um retrato bonito no espelho do elevador, na minha cabeça: Frida pintando a si e a ele. "Frieda e Diego Rivera".