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Mostrando postagens de junho, 2016
perdoe os meu olhos verdes (à la Shakespeare), o fenótipo é tão refém do sentimento como a corda que sufoca a garganta. estou imobilizada nessa luta, não por querer, mas por assim me ser dada a condição. não posso sair na rua, gritar a verdade, nesse vermelho que queima. eu pouco sei, mas quem sabe o suficiente? é insensato quando vindo de mim?

garrafa

a minha fuga, companheiros, é a maior prova do não saber lidar. não quero que pensem o contrário, não é uma reciclagem que lhes garante novos valores. é fragilidade. medo de explodir, queimando o que é que ainda possa ser feito com esses materias. reconheço a inutilidade: um alcoólico em tratamento não deve fugir da garrafa, mas sim ter consciência de sua existência e saber os limites do convívio. eu fujo dessa garrafa cheia de mensagens justamente por não saber o quão infinito é o que nela se encontra. tonta. embriagada. não se pode caminhar em linha reta assim. serpenteia o que existe aqui entre angústia e afeto. raiva e compreensão. se a garrafa fosse minha, já estarias sóbrio dessa canção.
e no impulso de ser a primeira, a chama que queima a si mesma, verei evaporar esse sentimento líquido, tão fácil de ir e vir. não serei eu quem desistirá, isso cabe aos que assim vivem: abandonam o barco na primeira tempestade, não arriscam segundas partidas. ainda há o que ser feito, essa realidade não é sina de ninguém. mas lutar com quem? e por quem? o que alimenta esse perigo? no fogo ardente as coisas mudam, até inimigos viram amigos. qual o preço? o quanto me consome a batalha? não importa! a guerra está aí, assumam suas posições!

caio fernando

A verdade é que eu me encontro num processo de constante confusão. Às vezes parece que está tudo bem de novo, às vezes eu caio de novo no poço. A linha que separa um sentimento do outro? Casualmente uma canção, uma foto, um poema. É tudo tão frágil. Eu nunca me vi tão frágil, e acreditem, donzelice cansa. Eu começo aceitar que nada vai ser como antes, todo e qualquer passado está para ser cremado no momento em que eu esquecer. Como esquecer? Já provei de todos os líquidos em busca de solução. É tudo muito raso, muito rápido, muito impessoal. Nada do que quero (essa é uma das únicas certezas que tenho). Não consigo me adaptar à esse tempo, de carícias pré-fabricadas perdidas na escuridão de uma festa só. Eu quero me sentir amada, mas até onde isso depende de mim? Eu sinto muito por estar essa zorra, mas não é mais por vocês que eu sinto. Caio Fernando é quem melhor me entende.

medo

Fora a solidão, A chuva fora de estação, O vento balançado o telhado, A falta daquele afago E a poesia limitada, Não há o que temer. Nem no princípio, nem no fim.

Estória para boi dormir (ou falácia)

Era uma vez, Um universo Onde reinava o mérito E tudo que se almejasse Era possível com esforço. Ah, que mundo justo! Onde quem quer sempre pode! Para tudo há recompensa! Não é questão de sorte.. Nem mesmo para o pobre coitado, Esse nunca se esforça! É um vagabundo nato, Não quer trabalhar, Por isso não vive direito.. "as oportunidades estão aí, tudo igual para todos"

rei

Incoerência tá virando segundo nome Planejo o silêncio Mas na hora a voz escapa Às vezes com sorrisos Às vezes com atritos Tu tá brincando comigo Mas eu já cresci demais para brincar Você pode até ser o rei do parquinho Mas acredite Eu saí de lá

Pêsames

Espero que um dia alguém explique o motivo para tantos eufemismos quando se trata de término. A pessoa vai sofrer do mesmo jeito, então por qual razão não falar logo a verdade? Vestir pele de cordeiro é a pior coisa que você pode fazer para que ela siga em frente. Diga logo que cansou! Que está apaixonado por outro alguém! Fale o que tiver que falar, pois se não o fizer a dor se prolonga e a chance de tudo desabar, para qualquer uma das partes, aumenta. Não sei se você poderia ter me dito a verdade, pois nem sei isso verdade era no momento. Eu não sei o que sinto agora, entre tantos caos e afins. Eu juro que tentei levar na boa, tentar ficar amigos sem nenhum rancor. Perda de tempo, eu só adiei toda uma raiva que poderia ter sido explícita meses atrás. Só prolonguei um sofrimento que atinge a ninguém além de mim. Tudo pra ficar bem, pra sentir que apesar de tudo o que pode acontecer, as coisas reais permanecem. Tá aí uma mentira. Mentira tua! Que desapareceu e reapareceu quando assi

sistema solar

Eu, do planeta vermelho, Te observo com meu telescópio: Entre estrelas do Universo, Girando ao seu próprio modo. Não estás sós: A Lua te acompanha. Sempre próxima à te aconselhar, Como uma boa amante... Tu sorris para ela Com seu encanto, Terra, E me deixas só. Nesse Sistema, Sou apenas um observador.

fogo

Queima enquanto escorre, a lava em meu rosto. Por fora, gente de carne e osso; por dentro, fogo ardente e luminoso. Extravasa do peito, contemplando o corpo inteiro. Que medo, alguém vai se machucar! O vermelho do sangue não é coincidência. Quanta intensidade.

dia 13

Eu, que nunca fui devota de santo nenhum, me vi de joelhos pedindo por Paz. Não era pela Paz mundial, por um mundo alvo: era um branco egoísta que pedia, que acalmasse a mim. Fui buscar algum conselho, algum consolo ou sinal. Sofri. Pedi ao Céu uma resposta para dilema de duas soluções, mas e se eu estiver enganada? Se houver outro caminho? Oh, Pai! Por qual razão demoras? Dai um fim à esse sofrimento! Meu coração é acelerado e já não aguenta essa dor. Pai, apague-o! Ou transforme a situação! Já estou ficando sem Fé! Nesse campo não há proteção! Eu pedi a paz de uma rosa branca, mas eu queimo em vermelho! Arde em mim o sentimento. Será que morro ao final ou renasço das cinzas? Pai, acelere a combustão! De prolongada já me basta a vida, desequilibrada, louca, ferida: mesmos adjetivos que eu. Desequilibrada no percurso, louca na persistência, ferida na saudade. Tem dias que volto ao poço, onde ninguém vê.
eu achava que a falta era de sol, mas agora vejo que era do mormaço: o modelo nunca deveria ter sido heliocêntrico, mas foi. está frio, mas ainda há sol sem nenhum efeito era calor, menino

Sobre a mulher e o esporte

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Nunca fui adepta aos esportes, sempre fugi de bolas e arremessos e assumo, com pouquíssima vergonha, que eu levo uma vida bastante sedentária. Assim sendo, acompanho raramente uma partida de vôlei e é bem improvável que me encontrem assistindo finais de campeonatos futebolísticos: não sinto o encantamento do espetáculo. Dessa forma, quando recebi o convite para um evento com tema " a mulher no esporte ", fiquei curiosa, claro, mas não me vi representada no assunto. E é aí que se encontrava o ponto-chave daquela tarde. Em tom descontraído, Juca Kfouri contou a mim e a plateia presente, de alunos e professores, relatos que pontuaram o esporte como uma questão que não abrange somente saúde e lazer, mas que também carrega consigo representações de pensamentos presentes na nossa sociedade. Introduzindo o atual cenário esportivo como um ambiente que se preocupa majoritariamente                                         com " fazer campeões ", ele ressaltou a importânc

consequência

não fostes tu quem concordastes que para toda ação há reação? então agora lide com isso! lide com o que chamas de ingratidão! foi virtuoso no encerramento, e por isso guardei algum respeito. mas até isso chegou ao fim, tu cansastes de ser bom assim. agora se afasta e me coroa como tola: para tudo estou errada, em nada sou boa! faz-me rir, menino, não pode ser verdade! foste assim, tu não voltavas quando sente necessidade.. entedia-me nesse jogo, tu não aprende as consequências! se escolhes excluir-me do mundo, não pode contar com minhas sentenças. -------- assim, projeta-se imundo tão humano quanto eu, se te julgueis perfeito, hoje vejo o erro meu.
parece embriaguez, mas é só saudade numa masmorra de medo de virar bobagem você escolheu e quer dizer que tem pena "ela se perdeu, sucumbiu ao próprio poema" não sei se me explico bem, característica da tolice, para ti já não sou quem, não vale nada do que disse

hoje

E como em todo beijo A gente fecha os olhos Evitando o choque do momento Que é encantado demais Para se ver. A mente grava os doces gestos, Os carinhos e o arrepiar, Um conjunto empírico Oriundo de amar. Hoje eu fechei meus olhos, Para o mundo ignorar, Entre pausas de prazer E sorrisos a entregar. O beijo amado dói, Já não sou eu a te encantar.

indesviável

é inevitável a perseguição do destino escancarando aquilo que dói a verdade é que o fado teve alguma piedade e mostrou pouco ao menos dessa vez devo eu agradecer por poupar maior sofrimento? até quando assim planeja? surpreenderá em que momento? só é mais um retrato uma foto daquele fim não há ninguém rindo quanta sorte para mim

these are the songs I wanna sing

estranho mesmo foi o dia de hoje: 5:40 da manhã, ligo o rádio: tim e eu? pensei até em me mudar parecia perseguição no final, interpretei como um sinal: não poderia ser coincidência logo no 1 dia depois do prazo amanhecer dizendo que gostAVA tanto de você já é hora do pretérito? these are The songs I wanna sing

Chien errant II

A alma livre Procurava companhia, Mas se perdera Entre bandos e matilhas. Num passo perplexo, Quase sem nexo, Oriundo de sua própria danação . O que fizera o cão Para viver assim? Foi o medo da solidão? Foi o medo de mim? Será que fora mal cuidado? Agora está perdido, Latindo para qualquer lado E abanando o rabo Quando o assunto convém. A quem ele é fiel? Certamente a nenhuma coleira, Pois, todos sabem, A única coisa certeira É que ele não troca liberdade Por nenhuma parceira.