Postagens

Mostrando postagens de junho, 2019

Celestine

De junho de 2018 A vida é curta. Um grão de pó na escala do tempo, difícil de dimensionar. A vida é curta para o mundo, e naturalmente nos acostumamos com ela, inconscientemente enxergamos-na eternola, sem hora de acabar. Então se morre. A morte é curta, mais rápida do que a vida, numa ambígua sensação. Quem morre morre. Passa num piscar de olhos, sem as dores da vida, num milésimo de segundo para alívio sem fim. Quem fica sofre. Foi rápido demais. Porque foi assim? A vida é curta, tem hora marcada. E quem vive esquece que as todas as coisas são assim. Num momento, um sol se pondo, lindo, laranja, vivo, quente. Então a noite. Azul. Fria.

Telescópio

É curioso se utilizar de um telescópio. Você espera o momento certo, ajeita a lente, prepara tudo pra olhar pro céu e, misteriosamente, o céu te olha de volta. Ele te devolve o olhar interessado e curioso, te abraça com um brilho que aquece o corpo e o espírito. É como um flerte, uma resposta íntima. O céu pisca uma estrela e a gente no telescópio fica até envergonhado. Ruboriza e se fascina com cada detalhe recém descoberto por um novo ajuste de foco. Opaca é a vida quando o céu não te olha de volta. Já troquei de lente e telescópio, mas não é para mim que ele reluz.

Revisitando aquilo que parece morto já faz tempo

Faz muito tempo que não escrevo, prova disso é a data da postagem que se encontra logo abaixo. E sou honesta quando digo "escrever" e não "postar", porque de fato produzi muito pouco nos tempos (nem-tão) recentes (assim). Mas acontece que deu saudades - saudades de sentar e pensar numa boa alegoria, de ser lida e comentada pelos amigos, de olhar pro texto e pensar "até que bem desenvolvi". Não é uma falta do sentimento que inspirava poemas sentimentalmente - e não falo com desprezo - adolescentes, mas sim um vazio geral de inspiração e de reação. É bom e estranho revisitar esse lugar que parecia morto, me reler, observar passado o tempo o que daquilo que foi escrito ainda faz sentido. É pouca coisa, mas cada texto no seu tempo. Escrever hoje ainda me parece persistir num equívoco do passado, ao mesmo tempo em que também é retomar uma parte minha da qual sinto saudades. Não me comprometo com a volta. (Essa pequena ponderação é dedicada a minha amiga S