Postagens

Mostrando postagens de julho, 2016
se a voz do povo for a de Deus então é verdade o que clamam do tempo deixa passar deixa queimar deixa curar cada segundo, cada momento pois é nessa permissão (no "deixa") que se prova o que é vida a inconstante a louca a desvairada a vida sinto que interpretamos mal, esse "deixar" não é indiferente é o oposto é a aposta (e que aposta!) o corpo precisa estar inteiro certeiro em toda a incerteza da situação em que se encontra e dói e alegra e confunde e repete até passar passa o tempo numa verdade sem precedentes que finge não vir para os ansiosos mas vem e passa

cor

ah, mas se você vier perguntar o "pq" de novo vou responder com cores, as poucas que ainda te cabem, ainda mais agora que o colorido está voltando pouco a pouco para mim. "pq" só as damas? "pq" rapazes incluem teu moço, e você bem deveria saber o quanto é tosco o clima que a companhia cria. as cores não sintonizam, vira um preto que mancha a alma. "pq" não vi nas férias? "pq" a chama do vermelho estava meio desregulada, querendo queimar sem rodeios a mais nova namorada.
Em delírio já não sabia Se era Caio ou Machado, A dúvida queimava na testa, Ardendo em suor melado. Na situação ali vista, Não era nenhum dos dois. Parecia-me mais com o Romantismo, Numa fragilidade sem precedentes Que explodia num corpo doente. A febre alimentava memórias (vagamente) perdidas, E por vezes esquecia onde estava. (e com quem..)

renascer

não, não é desistência. não há "vencido" nesse dicionário. o que há é a minha resiliência, desabrochando numa primavera sem fim. depois dela, eu, entendendo um pouco mais de mim. a estação passada congelou o tempo, mas esse derreteu no momento certo, acompanhado de um vento que trouxe a lucidez pra perto. outros verões virão, cada um com seu sol e saudade, aquecendo-me pelo momento, momento de felicidade. e depois virão outonos, pra fazer tudo cair. é que dessas quedas surge o equilíbrio e o desejo de prosseguir. não, nada me foi roubado, a tempestade só acrescentou. o caos traz outros significados, para os acertos e para quem errou. no fim meu eu é grato, por viver começos e fins: da lama nasce a mais bela lótus, das dores renasço enfim.

fênix

dessa angústia de ver-te em cinza é que tiro alimento para minha combustão combustão vermelho-ardente consumindo em tempo incerto o eu que jurava-se certo e acabou morrendo com tamanho calor só pra renascer do pó aquele que corroeu a alma nascer de novo e só com força alva

volátil

volátil um líquido borbulhando todo o corpo num agito irracional volátil frenético até o ápice, numa explosão de confissões volátil expandiu-se para fora, em grito, em choro, até cansar o impulso volátil desvairando-se com a alma roubada, mundo afora, para nunca mais voltar surpreendentemente volátil

cristalização

No escuro até parecia, dava um aperto, um déjà vu. Era a forma, sombra e cabelo, movendo-se freneticamente enquanto tocava "Tempo Perdido". As luzes acenderam, quebrando aquela miragem: era outro que já não reconhecia. Amargou-me a alma ver a metamorfose: antes um cometa de brilhante movimento, agora apenas rocha, dura e perdida no tempo. "O menino faz o homem", será que tornaste pedra? Sentido faz, pois lava foi nesse Universo, daquelas que alimentam o interior, com rios infernais cheios de prazer e pecado traiçoeiro, correndo por parecer nunca endurecer. Não demorou muito para esfriar, fazendo-se escudo, sem nenhuma emoção.
Todos os poetas que vieram antes tiveram sorte, agora já não posso negar. Suas feridas só eram escancaradas com a proximidade, curta distância, campo de visão. Era mais fácil fugir da dor, mais fácil esconder até o peito cicatrizar: Evite alguns locais, jogue fora as poucas fotos, queime presentes. Nenhum amigo vai comentar. Mas a sorte também segue a lei dos fins, e acaba. Acabou comigo. Nesse azar da contemporaneidade não há escape: Tá tudo registrado, escancarado, aberto mesmo com toda a distância. Eu tentei a moda antiga, juro, já não vou aos locais e me desfiz dos poucos feitos, mas os amigos notam e comentam. Já não encontro com eles, não aguento. Aderir aos tempos modernos é o fado, não há muito o que ser feito.  Ah, fado irônico, de todas as imagens que poderia expor, expõe justo a minha cara sorrindo num passado que fazia sentido e parecia não ter fim. Tudo tem, e a sorte já teve.

nutrição

eu me sinto enjoada, da pior forma que se pode ficar, com tudo isso. meio verde, meio bege, meio meio. é falta de nutriente, excesso de gordura, falta tua, excesso de saudade. é, eu tô meio doente. meio. a cabeça dói, o peito lateja, a perna trava, o nariz não funciona e a garganta engasga. culpa minha. culpa não, responsabilidade. eu que achei que poderia me afundar em todas as massas sem muito pensar. o que há de errado num prato de espaguete? e-s-p-a-g-u-e-t-e. é que não foi um, foram vários. não só espaguete, mas pizza, nhoque, canelone. tudo que oferecesse. e eu comi, sem muito pestanejar. a consequência não tardou, meu sangue está estragado. eu me deliciei em êxtase e ignorei todo o resto. tô fadada a dieta agora, num extremismo anti-tudo-que-vira-açúcar-e-adoça-a-vida. um amor fatal esse meu por comida. sinceramente, só me comprometi à dieta-restritiva pelo risco: se eu não deixar de lado é a minha cabeça que para, meus miolos que apodrecem. e que mal seria para meu ego perder a