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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

carta ao amigo Mário

Querido Mário, A intransitividade é dolorida e o "amar sem objetos" é um bocado machucador. Machuca por não precisar de complementos, nem de saudade, nem de ninguém. Machuca na contradição de sua beleza, de existir independente e querer se expor a todo o mundo. Mário, amar por amar dá uma trabalheira: Todo dia, sem aviso, um tum-tum pra mudar a cabeça. E por pior que pareça, Mário, assim é até melhor. O barulho vem pra nos acompanhar. Imagine se você amasse algo e essa transitividade te deixasse só.

arte

Eu inventei de colorir com trilha sonora. Era um arco-íris composto pelos tons mais bonitos, os meus favoritos, carimbados com seu nome. E aí cê foi embora, tirou a música e deixou o cinza chover. Às vezes eu ouvia uma nota, uma cor que doía, poesia que cheirava a você. Meu cinema era antiquado, mudo e sem cor. Revoltei-me e implorei as notas e a paleta. Cê me devolveu as cores primárias e me chamou de careta. Pintei o sete. Você já não cabia na canção.