carta ao escuro (no feminino)

o meu calar para com a escuridão não é no intuito de a provocar ou de fingir que não existe, é um silêncio que vem como verdade, para condizer, antes de mais nada, com o barulho que fica aqui no peito. o silêncio é a dúvida, não a ignorância. é a falta de desejo, oriunda de cansaço, não de repugnância. se não falo com a escuridão é por algum respeito que me resta: de não desejar o que não se sente, de não insistir no limite, meu e dela, que possa clarear em explosões. o silêncio no escuro nada mais é do que a paciência ao que espero, e não, como dizem as péssimas línguas, a desistência do que foi. uma hora a visão se acostuma com a falta de luz. quem ira julgar os olhos pela demora?

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