Todos os poetas que vieram antes tiveram sorte, agora já não posso negar. Suas feridas só eram escancaradas com a proximidade, curta distância, campo de visão. Era mais fácil fugir da dor, mais fácil esconder até o peito cicatrizar: Evite alguns locais, jogue fora as poucas fotos, queime presentes. Nenhum amigo vai comentar. Mas a sorte também segue a lei dos fins, e acaba. Acabou comigo. Nesse azar da contemporaneidade não há escape: Tá tudo registrado, escancarado, aberto mesmo com toda a distância. Eu tentei a moda antiga, juro, já não vou aos locais e me desfiz dos poucos feitos, mas os amigos notam e comentam. Já não encontro com eles, não aguento. Aderir aos tempos modernos é o fado, não há muito o que ser feito.
 Ah, fado irônico, de todas as imagens que poderia expor, expõe justo a minha cara sorrindo num passado que fazia sentido e parecia não ter fim. Tudo tem, e a sorte já teve.

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