Jornada antropofágica da heroína solitária ou solitária da antropofágica

O caminho é longo e cada passo à frente faz a trilha mais solitária. E dói. Dói pelas baixas - reduzem-se os companheiros, aumenta a solidão - e pela sensação constante, quase como aquele zumbido incômodo no ouvido, sirene ininterrupta, de não saber para onde se vai. Mas não é muito como se fossem-me dadas opções, oras bolas, só tem um sentido, não tem como voltar, NEM TENTE DAR RÉ, e dizer ser possível andar mais para a esquerda ou para a direita é exagero. A caminhada é desconfortável principalmente por ser inevitável: não há como fugir. E nesse processo passam dias, semanas, meses. De novo: dias-semanas-meses. Mais um fica pra trás, mais espaço vazio. Nada, nada mesmo, indica o destino. Para onde que eu tô indo? Pontada no peito. Joelho fraco, bambo e chão. Os outros não sumiram, só dimuiram e penetraram ao peito. Como pesa, Senhor, como pesa! Mas já não me sinto tão só. Dá vontade de olhar pra trás, não posso, sigo, cabeça reta, pescoço tenso. Pesa. Como pesa. Parece que tem algo em frente! Um final? Mais alguém fora de mim?

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