virada

É madrugada em Pinheiros
E a cidade se divide
No silêncio da metade que dorme,
No riso da que vive.
Nós dois no meio,
Acordados a meia luz,
Abajur laranja do lado,
Nessa cor é meio engraçado.
Engraçado, não: interessante.
E a nossa sombra me é tão instigante
Quanto o reflexo na janela.
Meu peso;
Sua perna.
A gente enrosca, encosta e troca,
Te dou um sorriso pra disfarçar a minha (pouca) destreza,
O tempo passa num quadro vivo.
Eu gosto de te ver assim,
Despido,
De vergonha e refletindo afeto
O cheiro, a pele, o calor.
Tudo quente sem cobertor,
A parede é fria.
Laço os braços em seu pescoço
E tá tudo gostoso, bem.
Um por do sol na madrugada:
O jovem também precisa descansar.

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